Assureira é uma das maiores inverneiras (lugares de habitação sazonal, onde as populações passavam os Invernos), estando situada na margem direita do rio Castro Laboreiro, no lado do vale que proporciona às populações melhores áreas de cultivo e pastagens. Encontra-se em local relativamente abrigado, a cerca de 750 metros de altitude. A população que residia nesta inverneira entre o Natal e a Páscoa, provinha de vários lugares de altitude (brandas), designadamente de Adofreire, Antões, Falagueiras e Queimadelo, pelo que as famílias não mantinham a mesma relação de vizinhança durante todo o ano. Por outro lado, parece existir uma certa tendência para as famílias provenientes das brandas de uma margem se instalarem nas inverneiras da mesma margem do rio, revelando uma certa disciplina na organização do povoamento e na utilização do território e dos seus recursos.
Apreciando a arquitetura das habitações, é visível uma relativa homogeneidade na tipologia das edificações menos alteradas. As casas organizam-se, regra geral, em dois pisos, com corte para os animais e alfaias no piso térreo e a habitação no piso superior. O acesso ao piso da habitação é geralmente assegurado por escadaria externa e o habitáculo era composto por uma ou mais divisões, com lareira. É também caraterístico as casas apresentarem um alpendre coberto ou um varandim de madeira, que serviam de resguardo para alfaias, lenha e palha. As paredes das casas são em alvenaria, aproveitando a abundância do granito. Nas imediações das casas apresentam-se pequenas hortas, como que a envolver a povoação, proporcionando um aspeto aconchegante ao lugar.
Uma outra caraterística que podemos encontrar nas inverneiras são os largos, pequenas pracetas, normalmente junto à capela ou, na falta desta, num outro espaço do lugar que servia para a socialização (às vezes junto ao forno ou à fonte que eram utilizados pela comunidade).
Nota de destaque para uma casa em Assureira que integra elementos de estilo manuelino (lintel de janela, decorado com uma vieira e duas estrelas), os únicos conhecidos na freguesia. Julga-se que a padieira da casa e os fragmentos manuelinos (talhados no séc. XVI) deverão corresponder ao primitivo edifício da Capela de São Brás, reformulada no séc. XVIII.